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08 abril, 2015

Um testemunho de ex-militar que pertencia a Companhia de Engenharia 1756 que estava anexada ao sub-sector ZALA na região dos DEMBOS no periodo 67/68 que estava a fazer o melhoramento dos pisos da picada e pontes novas no sector desde Zala, Madureira e Bela Vista e que é do conhecimento de todos nós e que depois teve de abandonar os trabalhos em Maio 1968.



Um testemunho de ex-militar que pertencia a Companhia de Engenharia 1756 que estava anexada ao sub-sector ZALA na região dos DEMBOS no periodo 67/68 que estava a fazer o melhoramento dos pisos da picada e pontes novas no sector desde Zala, Madureira e Bela Vista e que é do conhecimento de todos nós e que depois teve de abandonar os trabalhos em Maio 1968.
“Os camaradas estavam debaixo de fogo” Cheguei a Angola em Agosto de 1967 sem saber se ia regressar. Passámos muitos sustos e sobressaltos, mas sobrevivemos para contar Quando já imaginava que estaria livre da mobilização, no dia 11 de Maio de 1967 recebi as guias de marcha para me apresentar no Regimento de Engenharia número 1 de Santa Margarida. Fui mobilizado para o Ultramar. Embarquei a 9 de Agosto de 1967 no paquete ‘Uige’ com destino a Angola, no que terá sido um dos dias mais dramáticos da minha vida. Ninguém sabia se era o último adeus aos nossos familiares, de quem nem nos deixaram despedir. A 21 de Agosto, após o desembarque, fomos encaminhados de comboio para o Campo do Grafanil, onde estaríamos cinco dias a preparar a viagem para a Bela Vista – onde ficámos oito meses. Como a nossa missão era construir estradas e pontes, sempre que saíamos para as picadas éramos escoltados por uma companhia de infantaria ou artilharia, para podermos trabalhar sem sobressaltos. Estávamos sempre a pensar no pior, porque a distância entre a Bela Vista e Zala, uma das zonas que mais ataques sofria, era de apenas cinquenta quilómetros. Lembro-me de uma vez, era cerca da meia-noite, em que ouvi um estrondo de basucadas antes de me deitar. Corri a chamar o comandante da escolta e verificámos que os camaradas que esperávamos estavam debaixo do fogo inimigo não sabíamos há quanto tempo. Infelizmente o radiotelegrafista tinha sido atingido e estava morto. Foi um dos momentos mais dramáticos. Após esses oito meses na Bela Vista regressámos a Luanda, onde iríamos ganhar força e coragem para participar e fazer o itinerário de uma das maiores operações feitas em Angola, a Operação Nova Luz, onde participaram militares de todos os ramos das forças armadas, efectuada entre as matas de café de Maria Fernanda e Maria Manuela e as margens do rio Dange, onde construímos uma grande ponte no rio, na zona de Piri. Ao terceiro dia da operação sofremos o primeiro e único ataque: a primeira rajada do inimigo foi directa ao militar da escolta que manobrava a metralhadora MG e teve morte imediata. MORTOS NO RIO Só ao quinto dia atingimos as margens do Dange, onde acampámos cinco meses. A poucas centenas de metros tinha sido conquistado um dos quartéis-generais do inimigo. Um pouco mais a norte, na margem direita do rio, formámos novo acampamento, por poucos, mas dolorosos, dias. Isto porque num fim-de-semana, quando alguns camaradas se abeiraram do rio para lavar a roupa, o rio aumentou de caudal de repente e, sem que nos apercebêssemos logo, arrastou um dos camaradas que não sabia nadar. Um outro camarada, que foi para o socorrer, também foi arrastado. Desapareceram os dois e nunca mais foram vistos. Foi desencadeada uma operação de resgate mas esta não teve sucesso: o rio estava invadido por jacarés que os devem ter comido. Finda esta missão tivemos mais uma passagem por Luanda, mas com destino a Zenza do Itombo, para construir mais uma ponte. No dia 6 de Outubro de 1969 embarcámos no paquete ‘Vera Cruz’. Chegámos a Lisboa no dia 15 de Outubro, quando passámos à disponibilidade. Perdi o melhor tempo da minha juventude mas aprendi muita coisa e fiz amigos para a vida. Reunimo-nos uma vez por ano para recordar aqueles bons e maus momentos que passámos juntos. Apanhámos muitos sustos, passámos por alguma fome e sede e muitos sobressaltos. Eu próprio estive dezoito dias no Hospital Militar de Luanda, ainda hoje não sei bem porquê nem o que tinha. Uma coisa é certa: jamais irei esquecer essa época da minha vida. PERFIL Nome: José Mendes Henriques Comissão: Angola (1967-69) Força: Companhia de Engenharia 1756.

  • Amigo Machinho quanto há questão 1756 só poderia ser antes, nunca depois porque eles foram embora em MAIO 68 e nos so saímos quase no fim do ano 68, como é do teu conhecimento. Quanto a Vila Pimpa vós saíste no fim de 67 para 68,e portanto so poderia ...Ver mais
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  • Mais uma foto para veres de facto da maquinaria existente em zala e da sua presença em 67/68 da Comp.Eng.1756